segunda-feira, 11 de abril de 2011

Denorex (parece, mas não é)

Denorex (parece, mas não é)

Escrito por José Ernesto Conti
Um dos maiores problemas que enfrentamos em nossos dias é o da aparência. Há até um ditado popular que garante que as "aparências enganam", e a realidade muitas vezes confirma que o ditado é verdadeiro. Se isso acontece com frequência no meio em que vivemos, imagine as consequências disso na Igreja?

Na verdade, nossa convivência na Igreja é uma extensão do que vivemos na sociedade. Muitas vezes, não dá para separar (nem deveríamos) nossas vidas. Não deveríamos trocar de "vida" como trocamos nossa roupa da semana pela roupa de domingo. Mas, infelizmente, isso acontece. Cada vez mais, tem gente que parece que é crente, mas não é. Está aqui a praga ou o vírus que está corroendo as entranhas do cristianismo de nossos dias. Em outras palavras, aqueles que "transtornaram o mundo" (Atos 17:6) não estão mais chegando aqui.
Qual a grande "vantagem" do crente denorex, aquele que parece, mas não é? É que ele se dá bem em qualquer lugar. Se está no mundo, fala, age, trabalha, sonega, engana, tudo é relativo, é flexível como todo mundo, ou seja, este é o "cara". Se está na Igreja, ora, canta, bate palma, lê a Bíblia, dá opinião, critica, murmura, peca, chora como qualquer cristão. O grande problema é que essa "vantagem" traz uma complicação: quanto mais crentes denorex temos em nossas igrejas, menos significado o nome "crente" tem no mundo, ou seja, estamos nos tornando farinha do mesmo saco.
Na verdade, há outra "vantagem" em ser crente denorex. É que não precisa dar explicações, tipo: você é crente e namora no motel? E vai para o bailão? Pode ir à boate? Ao barzinho para se alegrar com a galera? E arranja atestado médico para faltar ao trabalho e ir ao retiro espiritual? E finge que está doente para se aposentar mais cedo? E não paga suas contas em dia e ainda fica devendo? E mente, engana, tem duas palavras, fica irado e acha certo ter pavio curto? E não sabe ou acha que não precisa perdoar? Qualquer outra coisa ou até o nada é mais importante do que seu compromisso com a Igreja? O crente denorex não precisa explicar nada disso e ainda vai à Igreja cantar para Deus.
Ser crente denorex é ter uma desculpa na ponta da língua quando é pego com o pé no mundo: "Igreja não salva ninguém", "posso estar em comunhão com Deus em qualquer lugar, até na boate", "o que importa é o que eu sinto", "não tem na Bíblia nenhum mandamento que me obrigue a ir à EBD", "sei que já estou salvo", "na hora em que eu quiser volto para a Igreja", "toda vez que vou à Igreja as pessoas nem falam comigo", "estou cansado de só me criticarem", "ninguém vê o quanto eu trabalhei...".
Quero só lembrar uma única coisa: crente denorex vai para o inferno (Mt 25:26-30 e 41-46, Ap 21:8). Quanto mais denorex, mais ele vai. Só vai para o céu quem transtorna o mundo, quem machuca a ferida do mundo, quem aponta o pecado, quem é verdadeira testemunha de Cristo, quem é sal e luz e não olha para trás quando a mão está no arado. Fique tranquilo, Deus nem vai precisar arranjar uma desculpa na ponta da língua para lhe mandar para o inferno, afinal, você já está indo sozinho.
José Ernesto Conti é pastor da Igreja Congregação Presbiteriana Água Viva e engenheiro mecânico
José Ernesto Conti

José Ernesto Conti

Pastor da Igreja Presbiteriana Água Viva no bairro Estrelinha, autor do livro: "Apocalipse ... A Caminho do Fim"   (EXTRAÍDO DA REVISTA COMUNHÃO)

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